As Músicas que os Vinhos Dão - 2017
1, 2 e 3 de setembro! Em 2017, a Feira do Vinho do Dão mal deu tempo a Setembro para começar. Como aconteceu nos anos anteriores, arregaçámos mangas e mergulhámos as mãos na "massa".
"No Reino das Rolhas Perdidas" foi o tema escolhido para esta edição. Uma história de encantar, completamente diferente das anteriores mas com o mesmo sonho, o mesmo orgulho, a mesma paixão: o Dão!
Foram três noites de absoluta magia. Cerca de 40 mil pessoas podem comprová-lo.
A todos os que nos acompanharam... ObrigaDÃO!
Contexto:
No Largo General José de Tavares, em Nelas, mais conhecido por todos na vila como o “Largo do Escanção” existe, desde 1966, uma estátua que homenageia a figura do escanção, profissional da restauração, responsável pela compra e escolha de vinhos (e outras bebidas), pelo seu armazenamento, pela elaboração de cartas, pelo serviço e recomendação de diferentes harmonizações com os pratos gastronómicos. A estátua do escanção em Nelas teve como objetivo a justa homenagem a esta profissão, assim como o agradecimento pela contribuição destes profissionais na divulgação dos vinhos do Dão. É a única estátua dedicada a esta figura no país e, pelo que foi possível apurar até aos dias de hoje, no mundo.
É uma profissão, encarada por todos os amantes de vinho como especial e encantatória, já que domina a linguagem invisível dos sentidos, uma alquimia, a mística associada ao vinho.
Por ser uma figura icónica da vila e icónica também no mundo do vinho, decidimos “resgatar” o Escanção do Largo da vila e dar-lhe vida numa história não menos encantatória onde ele é o protagonista.
Este ano, o escanção vem encantar “As Músicas que os Vinhos Dão”, em Nelas.
Sinopse:
"Num tempo distante, tão distante que a memória se esqueceu quando foi, havia em terras do Dão um reino fantástico, onde viviam homens e mulheres de coração bom e honesto, mas distraídos da terra que pisavam, com os pés apressados de vida. Eram terras que tinham no pó e nas cores a magia que têm as coisas destinadas a ser grandes. Férteis… Virtuosas… Escondiam nas profundezas uma elegância maior, uma garra impaciente… Uma missão por cumprir…
O Reino era tristemente conhecido como o “Reino das Rolhas Perdidas”, onde as rolhas vagueavam em parte incerta, sem histórias de vinho para contar.
Gonçalo nascera no talhão alto da quinta da menina Cecília, que Deus tem, bem no meio da vinha em flor. Faltavam 110 dias para a vindima, diziam. E desde o dia em que o seu primeiro choro conheceu o mundo que, mesmo sem idade para saber do sabor dos vinhos, conhece-lhe as cores, os perfumes e adivinha-lhe as bocas que hão de ter. Gonçalo sabe da magia que o vinho tem e é essa sua sabedoria precoce que o afasta das brincadeiras menos interessante das outras crianças que poderiam ser os seus amigos."
A estátua do monte encantado da vila é o seu lugar preferido, depois da vinha, e o seu único amigo. Hipnotiza-o aquela figura elegante, que repousa as mãos numa garrafa de vinho, como quem embala um bebé. De tanto a visitar, de tanto a admirar, de tanto sonhar o vinho e acreditar nele, Gonçalo é o único que consegue acordar o homem que descansa a dor da saudade da Cecília, por baixo do feitiço de bronze que, ele próprio, lançou sobre si.
Gonçalo nunca desiste de sonhar e de acreditar que aquela estátua é, afinal, o famoso Gabriel, - o encantador do vinho do talhão alto da menina Cecília, misteriosamente desaparecido, desde a morte dela. Gonçalo confessa-lhe: “Um dia, quando for grande, quero ser como tu eras antes de te vestirem de bronze.”. E Gabriel acorda finalmente, só porque, no reino, há finalmente alguém que, como ele, tem a coragem para sonhar o vinho do Dão.
Juntos, vivem uma amizade secreta fortalecida pela sensibilidade e pela esperança que os dois partilham na vinha e no vinho do Dão.
Até que um dia… Gabriel e Gonçalo não se escondem mais.
Nesse dia… os distraídos do “Reino das Rolhas Perdidas” ganham memória. E as rolhas que vagueavam desnorteadas voltam a ter Norte nas garrafas prometidas do vinho que haveria de ser: o vinho mágico do Dão.
E houve Festa. Uma festa. Para todos. Para sempre.
