por Simon Wadsworth
Há muitos anos que a formação musical ocidental tem sido integrada como estudo obrigatório nos cursos gerais do contexto musical. Não há dúvidas de que a capacidade de ler e escrever música facilita muito a comunicação de ideias entre músicos. Mesmo estando longe dos tempos em que o compositor “apenas” escrevia as suas obras que ficariam na história até hoje para serem interpretadas e ouvidas por todos, ainda não há uma forma mais consensual de colaboração coletiva rápida do que através das famosas partituras em papel.
Dito isto, os métodos de ensino desta linguagem têm, na sua maioria, gerado desinteresse e até, em alguns casos, um "desgosto" pela música. Há até quem diga que o processo de aprendizagem desta linguagem escrita impede a criatividade. Esses, e outros, tonam-se argumentos desnecessários, se o estudo da música numa visão mais ampla for contemplado sem setorização.
A natureza do som é um fenómeno tão interessante, que a explicação de música, sendo parte dessa natureza, deixa de ser relevante fora desse contexto natural. Os cursos nomeados de “Acústica” que tratam em parte dessa natureza, são apenas mais “setores” que igualmente perdem valor, quando não integrados no desenvolvimento da linguagem musical.
Por outro lado, a aprendizagem das técnicas necessárias para tocar um instrumento até um nível profissional é demorada, com cargas horárias pesadas para superar o desafio de domínio adequado, e mesmo assim, sem o conhecimento da linguagem musical escrita, seria uma aprendizagem incompleta. Não pretendo aqui afirmar que não existam grandes músicos que não sabem ler uma partitura, mas defendo que a formação musical com uma visão mais ampla pode levar o músico muito mais longe na sua criatividade, além de abrir o leque de oportunidades de uma carreira musical. Entretanto, o ensino da escrita musical, sem o respetivo contexto de reprodução dos conteúdos aprendizados num instrumento, seja ele qual for, pode ser frustrante, tal como o é querer contar uma história, sem saber falar.
Por estas razões essenciais acima mencionadas, proponho um curso de formação musical onde os três elementos da linguagem musical, a natureza do som e as técnicas de instrumento sejam unidas num único curso. Assim é possível em cada aula, mostrar como a teoria se aplica na prática, através de uma linguagem comum.
Em cada aula, o aluno é levado a pensar nos elementos científicos, até às raízes da nossa música, para melhor entender o porquê dos elementos da escrita musical, bem como as técnicas de cada instrumento. As aulas serão práticas e cada aluno terá oportunidade de criar os seus instrumentos, compôr as suas músicas além de ler, analisar e interpretar as músicas de outros, não esquecendo a utilização da tecnologia recente neste processo, tanto na música eletrónica, como nos processos de gravação e reprodução.
Assim, pretende-se uma formação não apenas virada para uma área musical específica, mas que sirva de fundamento sólido para qualquer outra especialização. As matérias tratadas no primeiro ano deste curso são igualmente tratados em cada ano seguinte, sendo que as matérias são aprofundadas com cada vez mais pormenor em cada ano seguinte.
Cada aula tem a duração de 90 minutos, acrescentado de TPC semanal, em turmas com um máximo de 12 alunos.
Ao fim do 1º ano espera-se que cada aluno consiga:
1. Ler e escrever música, criar e interpretá-la num instrumento da sua escolha (incluindo o canto)
2. Adquirir as técnicas essenciais para poder tocar instrumentos das diferentes famílias.
3. Ter conhecimentos da natureza do som e da sua ligação com a música.
4. Conhecer as técnicas de som, de forma a poder montar um sistema simples de som.
5. Ter noções da história da música através das obras e estilos diferentes